DESAFIOS DA ESPIRITUALIDADE NA PRÁTICA


Hoje resolvi fazer um texto especial para aquelas pessoas que admiram e almejam viver em equilíbrio com a espiritualidade mas acabam tropeçando em vários pontos do caminho, assim como acontece comigo mesma. Quando experimentamos um pouco que seja dessa conexão interior tão poderosa, a sensação de bem estar é tão grande que queremos que aquele estado dure para sempre. Nas asas da serenidade espiritual encontramos forças para enfrentar qualquer tipo de situação, a sensação de soberania e escolha do próprio destino é forte, pois seguindo ensinamentos como paciência, compaixão, amor ao próximo e a si próprio, gratidão pelo Universo e tudo o que o compõe, fica fácil enxergar outras soluções de problemas que antes nos pareciam impossíveis.

Como diz o ditado popular, nem tudo são flores. Eu já havia mencionado em um post anterior como existem certas recaídas neste caminho e algumas dicas para atravessá-las (relembre aqui), mas o real objetivo desse texto agora é identificar quais são os gatilhos que disparam essas recaídas, ou seja, os desafios e principais motivos para nos desviarmos da conexão espiritual. Veja a seguir:

1 - Falta de tempo. A vida contemporânea exige de nós muito esforço e concentração em atividades que são quase que exclusivamente voltadas para necessidades terrenas, tais como ganhar dinheiro, pagar contas, estudar para conseguir uma perspectiva futura melhor, tarefas domésticas, dramas familiares e tantas outras. Nesse ínterim, fica no mínimo desconfortável refletir sobre a subjetividade da vida e imortalidade do Ser no meio desses impasses típicos de uma vida física.

Uma possível solução seria incrementar e aplicar alguns aspectos espirituais no meio dessa rotina, e não ficar apenas esperando um tempo livre para sentar, meditar e só nesse momento cuidar da espiritualidade. Sabia que dá pra meditar no ônibus, metrô, parado no trânsito? Que tal aplicar técnicas de respiração ou mesmo mentalização naqueles momentos de discussão ou tensão em casa ou trabalho? Realizar tarefas domésticas com aquela música new age relaxante tocando ao fundo pode ser bem mais prazeroso também!

2 - "Más" influências. Lembra de quando éramos pequenos e algumas vezes nossas mães, avós, tias e até mesmo professores apontavam para aquele seu amiguinho e diziam algo como "não te quero perto de fulano, ele é má influência"? Espiritualmente falando, é algo nessa linha, porém o que pode te desequilibrar não é o tipo de pessoas com quem se relaciona, mas como você começa a incorporar e reproduzir comportamentos destrutivos, apenas para se manter perto de seu amigo(a)/namorado(a) etc. Se essa pessoa é rude com os outros, nunca consegue realizar um projeto de vida, é viciada em drogas pesadas, cultua o materialismo, etc, cedo ou tarde se você não tiver uma força interior que te mantenha sereno, vai começar a reproduzir esses comportamentos por conta da convivência direta e constante. Estou dizendo aqui que devemos abrir mão de conviver com as pessoas que estimamos, só por elas terem algum defeito? Quer dizer então que eu sou perfeito, devo apenas manter perto de mim as pessoas com os mesmos objetivos espirituais?

É óbvio que não, isso não te traria nenhum desafio evolutivo e também iria totalmente contra os ideais de respeito e amor ao próximo. Essas pessoas provavelmente estão perto de você justamente para testar a sua força de vontade em certos impasses e também para que você possa de alguma forma ajudá-las a sair desses caminhos prejudiciais. Sem contar que podem, também, te ensinar preciosas lições que só a convivência traz. Quando você estiver forte o bastante, se sentir feliz, sereno e pronto para doar e multiplicar todo esse amor e bem estar, essas "más influências", que nada mais são do que nossos companheiros nessa extensa jornada de crescimento moral e espiritual, perceberão como uma mudança efetiva de atitudes e comportamentos são bons, e se esforçarão para alcançar também esse maravilhoso estado de serenidade e paz que você emanará. Nessa caso, o jogo se inverte e você se tornaria a "influência".

3 - A voz do Ego.  Resumindo de forma bem simples, o ego é toda aquela parte sua que jamais aceitará que algo ruim seja de sua responsabilidade. É aquela nossa parte que coloca o EU acima de todas as coisas, jamais admite um erro e briga constantemente com a nossa essência pela soberania de nossas atitudes. É algo muito complexo, por ser uma parte nossa construída inicialmente como autodefesa, já nos primeiros anos da infância. Sempre que quisermos aplicar alguns ensinamentos espirituais que nos dizem exatamente o contrário do que nosso ego está acostumado a ouvir a vida inteira, teremos uma batalha constante dentro de nós.

O ego jamais aceitará que a situação difícil em que nos encontramos no momento é sim culpa nossa, por conta de atitudes que tomamos em um passado (às vezes nem tão distante) e foram sujeitas à lei de causa e efeito. O ego sempre encontrará culpados durante uma situação complicada, não admitindo jamais a própria culpa. "Nossa, então como eu faço para tirar esse MONSTRO do meu caminho?" você pode estar pensando. Primeiramente, não o trate como um inimigo, mas sim como um lado seu que precisa ser desenvolvido. Algumas dicas para conviver com ele e "ensiná-lo" que quem manda na coisa toda é a sua essência, ou Eu Superior, estão aqui.

4 - Fatores externos. Por este termo, quero me referir a tudo aquilo que aparentemente está fora do nosso controle, como a expiação de carmas passados e inimigos desencarnados que estão constantemente à nossa espreita, torcendo para que fracassemos no objetivo de crescer espiritual e moralmente. Vale deixar claro, porém, que não devemos tratar essas situações com desespero ou esses seres como inimigos mortais. Hoje estamos aqui encarnados, no conforto da internet lendo este texto, e com uma nova chance para transcender a nós mesmos e corrigir atos em que falhamos no passado, mas não podemos garantir que todos estão tendo, ao mesmo tempo, essa chance. Como o espiritismo os chama, esses obsessores (eu prefiro o termo assediadores), nos fazem mal a ponto de querermos combatê-los e até mesmo ter raiva, afinal como saber se realmente fiz inimigos em outras existências e estou merecendo esse assédio agora?

Como eu vou saber se estou em uma dia péssimo, em que absolutamente nada dá certo por culpa desses seres que estão constantemente tramando contra mim, será que mereço isso? (aí caímos novamente na interferência do ego). Tudo no Universo funciona em sintonia, se os seus assediadores estão tendo acesso a você a ponto de te prejudicar é porque você mesmo, com seu pessimismo, raiva, ciúme, inveja ou mesmo ideias vingança para com alguém que conheça e convive nessa existência atual, acabou alimentando os mesmos pensamentos que esses adversários tem para contigo. Mesmo a nível inconsciente, isso constrói uma espécie de ponte entre vocês que permite a esse assédio se tornar mais forte sempre que esse padrão se repetir.

Nem preciso escrever aqui que a forma de lidar com isso e minimizar seus efeitos sobre sua jornada de crescimento é policiando pensamentos e atitudes que não tenham a ver com paz, tranquilidade e amor, e também emanando vibrações de perdão e ajuda para com esses assediadores. Com o tempo, eles verão que o acesso a você se torna cada vez mais difícil, se afastarão e terão condições de receber ajuda da Espiritualidade Maior.

Esses são apenas alguns desafios que temos de enfrentar estando encarnados nesse momento, nesse lugar no tempo e no espaço. Cada um de nós sabe onde o calo aperta, qual é a dificuldade mais difícil de combater e em que momento elas afloram.

Treine isso. Faça uma lista pensando em todos os momentos em que você teve aquela recaída e analise racionalmente se ela não está relacionada a algum desses fatores listados acima. Agora você tem pelo menos uma dica de por onde começar a tornar esses momentos cada vez mais controláveis à sua força de vontade e responsabilidade.

Autoconhecimento é a chave, sempre!


Comentários

Postagens mais visitadas